Mi Buenos Aires querida

Essa semana eu tive o prazer de voltar a uma das cidades que eu mais gosto no mundo. É claro que eu estou falando de Buenos Aires. Vou aproveitar este espaço para contar o que aconteceu durante esse passeio. Para quem não sabe, Buenos Aires é a capital e mais importante cidade da Argentina. Só para ter uma ideia da importância desta metrópole, vale ressaltar que a Argentina possui pouco mais de 40 milhões de habitantes. Destes, 35% estão concentrados na Grande Buenos Aires (cidade e região metropolitana), mas ela ocupa apenas 1% de todo o território argentino. A cidade foi originalmente fundada em 1536 por Pedro de Mendoza, mas foi abandonada após uma invasão indígena. Foi novamente fundada em 1580 por Juan de Garay, mas seu real desenvolvimento se deu a partir de 1776 quando foi instituída como capital do vice-reino do Rio da Prata. A cidade possui hoje mais de 3 milhões de habitantes, e está estrategicamente localizada às margens do Rio da Prata. É conhecida como a cidade mais europeia da América do Sul, ou como a Paris do trópicos, mas também possui uma cultura singular que a transforma em uma das capitais latinas mais visitadas do mundo.

1º Dia

Nossa excursão começou no Aeroporto Afonso Pena em Curitiba onde tomamos um voo direto da Gol para Buenos Aires. Depois de 2 horas de voo, chegamos à capital argentina. Nosso transfer demorou cerca de 1 hora e meia para nos buscar, mas tudo bem. Dessa vez, como estava com meus alunos, fiquei hospedada no Hostel Suites Florida. Pertencente a uma cadeia de hostels argentina um pouco mais descolada, esse estabelecimento estava “ubicado” na Calle Florida,  no coração da cidade. O hostel em si não era ruim, mas também não era muito bom. O atendimento era lento, a limpeza não era primorosa, e mesmo com uma boa maquiagem, dava para perceber que era um estabelecimento antigo. Deixamos nossas malas nos quartos e fomos andar pela cidade para um breve reconhecimento da região. Trocamos nosso dinheiro com cambistas de rua. Eles são tantos que já fazem parte da paisagem da cidade. Fiquei com o c… na mão,  pois não dá para confiar neste tipo de transação, mas eles tinham uma cotação muito mais atrativa e o dinheiro não era falso, ufa! Andamos por parte da Calle Florida que é um calçadão onde se concentra parte do comércio popular porteño; e de lá pegamos a Avenida de Mayo. Inspirada nas grandes avenidas parisienses, a Avenida de Mayo é  um lindo boulevard inaugurado em 1894 (que às vezes lembra Paris, às vezes Barcelona) que liga a Casa Rosada (Sede do Governo) à Plaza del Congresso (sede do poder Legislativo). Andamos por toda a avenida, e demos uma paradinha no Café Tortoni. Inaugurado em 1858, o local é uma instituição argentina.

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Hoje é um estabelecimento mais turístico, mas não perdeu o charme e as características de um café do começo século passado. Após o passeio pela Avenida, fomos ao Puerto Madero. Antigo Porto da cidade, as docas foram restauradas na década de 90 do século passado, e transformadas em restaurantes, hotéis boutique, e escritórios comerciais. VLUU L100, M100 / Samsung L100, M100Hoje é um dos bairros mais descolados da cidade. De lá encerramos o dia e cada um dos alunos teve a liberdade de comer onde quisesse. Eu resolvi ficar pelo bairro, pois estava muito cansada e faminta. Jantei no Restaurante Sorrento. Após um jantarzinho italiano, tomei um típico sorvete de “dulce de leche” da Freddo (a mais conhecida sorveteria da cidade. Mas cuidado que os precinhos são salgados. O “cono” mais barato custa $ 30 pesos – R$ 10,50), e resolvi voltar ao hotel caminhando. Mais que ideia de gerico! O vento estava tão forte que derreteu o sorvete. Melequei minha mão, meu cabelo, minha roupa, e até meu sapato. Cheguei no hostel parecendo uma criança depois de brincar na lama. Eca!!!

2º Dia

Hoje foi um dia difícil. Tínhamos um city tour pela manhã, mas quando acordamos cedo, vimos pela janela que estava chovendo muito. Mesmo assim, todos nós nos preparamos para o passeio que já estava agendado e pago. Entrando no ônibus, ficou claro que nosso city tour não seria lá grande coisa: primeiro porque a chuva não ajudava, e era impossível tirar fotos dos lugares mais bonitos; segundo porque logo de cara foi possível ver que nossa guia não era uma das mais atenciosas, além de ter um português sofrível. Desculpe meninos, não foi minha culpa! Enfim, começamos nosso city tour pela zona norte da cidade. De acordo com nossa guia, a cidade surgiu na parte mais ao sul, mas devido a um surto de febre amarela, muitas pessoas passaram a morar no norte de Buenos Aires, surgindo os bairros do Retiro, Palermo, e Recoleta. Começamos nosso city tour no Retiro onde passamos pela Estação de Trens do Retiro, Plaza San Martín, Avenida del Libertador, chegando ao Palermo. Palermo é um dos maiores e mais desejados bairros da capital; pudemos conhecer o Instituto San Martiniano, as embaixadas, e outros atrativos como o Zoológico e o Malba (Museu de Arte Latinoamericano). Chegamos então à Recoleta, um dos bairros mais exclusivos da cidade. Passamos ao lado do Cemitério, da Faculdade de Direito, da Floralis Generica (uma flor de aço que se abre durante o dia, e fecha durante a noite), e o Museo Nacional de Bellas Artes. Já quando passamos pelo bairro do Retiro, começamos a ver que além do guarda-chuva e da galocha, as pessoas também estavam usando máscaras. Além disso, o trânsito estava caótico, havia um cheiro estranho de gás, e muitas ambulâncias pelas ruas, mas não entendíamos bem o porquê. Depois fomos descobrir a enrascada que havíamos nos metido. Continuando nosso tour, tentamos voltar ao centro, mas o trânsito estava impossível. Em três horas de city tour, só tínhamos feito metade do nosso roteiro. Chegamos a Plaza de Mayo, epicentro histórico, e político da capital. Nesta praça é possível encontrar a Catedral Metropolitana, Casa de Gobierno (Casa Rosada), el Cabildo, Municipalidad (Prefeitura), além de outros edifícios importantes. Como o tour estava muito demorado, pouco produtivo, e tínhamos planos de almoçar no Hard Rock Café, resolvemos abandonar a excursão e voltar à Recoleta, no meio da chuva torrencial. Nesse meio tempo, descobrimos que um contêiner com veneno agrícola tóxico havia explodido no Porto por causa de um incêndio, e por essa razão, parte da cidade estava em alerta. A situação estava desesperadora: não conseguíamos nenhum táxi para ir à Recoleta por causa do trânsito, grande parte dos metrôs estavam fechados por conta do vazamento de veneno tóxico, e estávamos nós, no meio da chuva, sem saber o que fazer. Resolvemos pegar a única linha de metrô disponível (estava tão caótico a situação do metrô que pudemos usufruir do trem sem pagar), e paramos em Palermo. Andamos por cerca de 10 quadras até chegar ao Hard Rock Café. Alguns perderam o guarda chuva no meio do caminho, e outros, nem guarda chuva tinham. Chegamos ao restaurante sãos e salvos, mas meio muchinhos. Comemos um  prato super, hiper calórico (dá um look na foto abaixo), e no final do almoço já estávamos todos serelepes novamente.

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De lá peguei parte dos meus alunos para fazer uma visita técnica ao Hotel Palácio Dubahu – Park Hyatt Buenos Aires. E quem disse que conseguíamos um táxi para chegar ao hotel?! Depois de muito tempo, chegamos ao Hyatt. A visita foi ótima! O hotel é lindíssimo, e a nossa guia foi extremamente atenciosa. Terminamos a visita e fomos dar uma volta básica no Pátio Bullrich, o shopping mais exclusivo da cidade. Quando a chuva já estava mais amena, resolvemos voltar ao nosso hostel a pé. No meio do caminho, decidimos dar uma passadinha no El Ateneo Grand Splendid, uma livraria localizada na Calle Santa Fé que é considerada a segunda livraria mais bonita do mundo (vale muito a pena a visita, deem uma olhada na lindeza!).

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Ela é um espetáculo, sem sombra de dúvidas. De lá, ainda andamos um pouco e terminamos nossa noite jantando no Mc Donald´s. Que dia!!!!

3º Dia

Hoje acordamos um pouco mais tarde, pois nossa atividade começaria somente às 10h30. Tínhamos uma visita no Museo Judío e Sinagoga, e fomos a pé até o local. O dia estava estranhamente lindo, limpo, e ensolarado (não parecia nada com o caos do dia anterior). No caminho, passamos pelo Obelisco, pelo lindo Teatro Colón, e pelo Palácio da Justiça. A Argentina tem uma comunidade judaica bastante expressiva, e esse foi um dos motivos que nos fez escolher a visita neste espaço. O museu é muito pequeno e simples, mas a sinagoga é linda (dê uma olhada na entrada dela na foto ao lado).

sdc12595.jpgAcho que o mais importante da visita foi conhecer um pouco mais sobre as crenças, valores e costumes desta religião. Almoçamos ali pela região (Meu Deus! A pior refeição que eu tive em anos, talvez até na última década), e tomamos um táxi até a Esma no bairro de Nuñez. A Escuela de Mecânica de la Armada (Esma) foi uma unidade de ensino da Marinha, mas é mais conhecida como cenário do maior Centro de clandestinos de detenção e tortura durante a ditadura militar argentina. De acordo com nossa guia, 5000 pessoas passaram por lá, mas apenas 200 delas sobreviveram. O lugar em si é lindo, muito bem cuidado, passa uma paz… (dê uma olhada na foto abaixo).

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É muito estranho e sinistro pensar em todas as coisas ruins que aconteceram no mesmo local. Os subversivos (como eram chamados os resistentes) ficavam presos, e eram torturados no Casino de Oficiales (um prédio meio macabro, tenho que admitir!). Lá também funcionou uma maternidade. De acordo com nossa guia, cerca de 30 a 35 bebês nasceram naquele local, e foram dados a terceiros por meio de adoções fraudulentas. Hoje, com o esforço de várias pessoas, 12 destas crianças já recuperaram sua identidade. É uma história muito triste, mas ao mesmo tempo é super importante conhecermos, já que não faz parte de um passado tão distante. De lá tomamos outro táxi ao centro. A nossa volta foi pela linda Avenida del Libertador. Cruzamos vários bairros neste caminho como Belgrano. Na próxima viagem à Buenos Aires, tenho intenção de explorar estes bairros, pois me pareceram muito bonitos. À noite fomos jantar no Siga la Vaca, um restaurante de buffet livre no Puerto Madero. Está longe de ser o melhor restaurante da cidade, mas vale a pena pela fartura. Além de ser um ótimo lugar para excursões. Para quem tiver interesse, pagamos cerca de $ 140 pesos por pessoa (com bebida incluída, inclusive alcoólicos) , mas eles não fazem reserva, portanto, chegue cedo. Voltamos a pé para o Hostel.

4º Dia

Esse foi nosso dia livre! Fomos até a Recoleta, pois a Elieti (minha colega de excursão) queria conhecer o túmulo da Evita Perón. Enquanto ela ficava passeando pelo Cemiterio de la Recoleta, fiz um breve reconhecimento das redondezas.VLUU L100, M100 / Samsung L100, M100

Ainda fomos dar uma sapeada no Shopping Pátio Bullrich, e de lá tomamos um táxi até o Museo Nacional de Arte Decorativo (dê uma olhada).VLUU L100, M100 / Samsung L100, M100 Localizado em uma linda mansão do começo do século XX, pertenceu à família Errázuriz-Alvear, e mostra como a sociedade argentina vivia na época. O lugar é um espetáculo! É muito interessante ver a inspiração francesa na arquitetura e decoração, e a mistura de estilos em uma mesmo espaço. Para quem gosta deste tipo de museu, tipo eu, é um passeio que vale a pena ser feito. O ingresso é apenas $ 10 pesos. Finalizando nossa visita tomamos outro táxi e paramos nas Galerías Pacífico, um shopping no centro da cidade, mas também belíssimo. Ainda tivemos fôlego para dar uma passadinha na Zara (básico), e fomos conhecer outra pérola esquecida da cidade, a Confiteria Ideal.  Com exatamente um século, esta confeitaria já recebeu políticos, e artistas. O lugar ainda continua imponente, mas peca pela falta de manutenção e de clientes. Me cortou o coração! No segundo andar, possui um salão de baile onde era possível ver alguns casais de idosos “bailando tango”. Pedimos uma empanada de carne (nada mais argentino), e estava muito boa. Para fechar nosso dia,  jantamos novamente no Puerto Madero em um restaurante chamado Happening (recomendadíssimo!). Ahh! Vi o David Bisbal na mesa do nosso lado. Imagina minha emoção! Como assim vocês não sabem quem é ele? É um dos mais conhecidos cantores da Espanha. Segue um videozinho (já vou avisando que é meio brega, mas é um sucesso): http://www.youtube.com/watch?v=wOPGNwPitJ4

No outro dia pela manhã voltamos para Curitiba! 😦

Buenos Aires é sempre uma boa opção de destino. Ela tem o charme do velho mundo, mas a alma latina. Nesta última visita, ficou mais claro que a cidade empobreceu. É possível ver andarilhos deitados no chão, e pichação por edifícios e monumentos históricos. Os taxistas estão ficando super golpistas, os homens já não são mais tão charmosos, e as mulheres estão meio maltrapilhas (precisando de uma hidratação no cabelo e de uma roupinha mais bem passada), mas a cidade continua vibrante. É lindo ver as pessoas tomando sol nos parques (fingindo que estão em Punta), ver as pessoas praticando jogging em Puero Madero, ou lotando os restaurantes. É engraçado ver a cara de pau do porteño ao passar uma cantada, ou da sua desenvoltura ao dançar um reggaeton. Por isso, e por tantas outras razões, tenho certeza que ainda voltarei muitas vezes e esse lugar.

Hasta pronto!

2 comentários sobre “Mi Buenos Aires querida

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