Roadtrip pelo sul da Espanha

Hoje conto sobre mais uma viagem à minha amada Espanha. Na verdade, a viagem foi a Portugal, pois apresentei um trabalho científico no TMS Tourism Management Studies 2018 Algarve em Olhão, evento bienal organizado pela Escola Superior de Gestão, Hotelaria e Turismo (ESGHT) da Universidade do Algarve (UAlg) que reúne pesquisadores de turismo de todo o mundo. No entanto, como já escrevi no blog sobre essa região (caso queiram saber mais sobre esse passeio cliquem neste link) conto aqui apenas uma parte da viagem na qual tirei uns dias off para conhecer algumas cidades da Andaluzia, sul da Espanha.

Essa viagem foi diferente de todas as outras que já fiz, pois alugamos um carro em Lisboa e realizamos todo o trajeto por nossa conta. Excluindo minha louca aventura em Nova York quando fiz um batidão até Washington D.C. de carro em uma época onde GPS era coisa de filme de ficção científica (toda vez que lembro dessa viagem tenho sentimentos diversos; dá um aperto no coração de saudade, dou muitas risadas sozinha lembrando de algumas situações e um frio na espinha ao pensar na nossa coragem!), nunca havia alugado um carro fora do país e estava apreensiva, pois não sabia como seriam as estradas portuguesas e espanholas, mas foi MUITO tranquilo. Estradas ótimas, principalmente as portuguesas, muito bem sinalizadas e GPS é vida! Há várias locadoras disponíveis no mercado, portanto vejam qual lhes oferece o melhor custo/benefício. No nosso caso, optamos pela Sixt e o aluguel ficou em torno de € 100 ao dia (com todas as taxas incluídas), mas aviso que não adquirimos a opção mais barata; optamos por uma versão de veículo maior, pois tínhamos muitas malas, e com GPS. Portanto, há pacotes mais econômicos! Minha única observação é que, se andarem pelas estradas de Portugal, terão que adquirir o Via Verde, um dispositivo acoplado ao carro que dá direito a passar pelos pedágios como o Sem Parar no Brasil. O valor do pedágio é cobrado no seu cartão de crédito a posteriori. Cada pedágio custou em torno de € 1,85. Aviso que essa é a única opção viável já que os pedágios no sul de Portugal não têm cobrador, quer dizer, não é possível pagar na hora. Na Espanha, há a opção de pagar no guichê, mas os pedágios são salgados; custou € 7,30 o trecho de Sevilha a Cádiz.

Sevilha

Capital da Andaluzia, província ao sul da Espanha, é uma das maiores cidades do país com pouco mais de 700 mil habitantes. Está próxima da fronteira com Portugal e tem uma história fascinante; fundada no século XIII a.C. pelos turdetanos, foi ocupada pelos fenícios, fez parte do império romano, inclusive três imperadores (Trajano, Adriano e Teodósio) nasceram lá, na antiga cidade de Itálica; foi tomada pelos visigodos e pelos mouros e finalmente reconquistada pelo rei Fernando III de Castela na Idade Média. Toda essa rica história deixou vestígios que, juntamente com o clima quente e ensolarado a transformaram em um dos destinos mais visitados do país. É diferente do que eu imaginava; possui avenidas largas, é ampla, muito arborizada e passa a sensação de imponência. Gostei!

Em Sevilha fiquei hospedada no NH Collection Sevilla, um hotel a aproximadamente 2 quilômetros do centro. Escolhi este empreendimento, pois na dúvida sempre opto por uma rede hoteleira e o NH Sevilla oferecia estacionamento, mesmo que terceirizado. Dica importante: Se vocês estão de carro, precisam se preocupar com esta questão, principalmente em cidades europeias que geralmente não tem estrutura de estacionamento. Deem uma olhada na fachada do Hotel.

Ao chegar em Sevilha fizemos o Free Walking Tour. A cidade possui algumas empresas que oferecem o mesmo tipo de passeio, mas escolhi a White Umbrella Tours (vocês distinguem os guias pelos guarda-chuvas brancos), que também está presente em Paris, Praga, Budapeste, Munique, Amsterdã, Madri e Lisboa. Em Sevilha eles apresentam diferentes tipos de passeio, mas optei pelo mais básico que sai todos os dias às 10h30 e às 16h00 da Plaza Virgen de los Reyes, ao lado de La Giralda. Durante nosso tour passamos por La Giralda (torre construída no século XII d.C. durante a ocupação árabe na região. Hoje é o campanário da Catedral de Sevilha e é tombada como Patrimônio Mundial pela UNESCO), a Catedral (erguida a partir de construções romanas, foi uma antiga mesquita árabe durante a ocupação moura e posteriormente convertida em igreja católica. A edificação possui diferentes espaços, alguns deles góticos e outros com estilos que retratam os diversos períodos históricos vividos pela cidade), Reales Alcázares (complexo de palácios originalmente construídos sob um antigo assentamento romano), Archivo de Indias, Puerta del Perdón, Ayuntamiento de Sevilla (Prefeitura), Plaza Nueva, Puente de Triana, Torre del Oro, Puerta de Jérez, Rectorado (antigo edifício da reitoria da Universidad de Sevilla), Prado de San Sebastián, Parque María Luisa (principal área verde da cidade; foi palco da Exposição Ibero-americana de 1929 e hoje abriga o Museu Arqueológico e o Museu de Artes e Costumes Populares) e finalizamos o tour na Plaza de España (que também faz parte do Parque), um dos cartões postais de Sevilha. O passeio foi legal, nosso guia era solícito e foi possível ter um bom dimensionamento da cidade, mas não recomendo o tour das 16h, pois chegamos à Plaza de España muito tarde, já havia anoitecido (o outono na Europa não ajuda), deste modo, minha recomendação é optar pelo passeio da manhã, pois assim poderão aproveitar o Parque e tirar lindas fotos da Praça para deixar todo mundo morrendo de inveja no Instagram. Mesmo que o tour tenha sido muito legal, acho importante avisar que a caminhada é puxada e um pouco cansativa, então preparem as pernas. Abaixo há fotos de La Giralda, da Reales Alcazáres, das ruas de Sevilha, da Torre del Oro, da fachada do Rectorado e da Plaza de España.

Minha dica em Sevilha é: Se percam pelas ruas… O centro histórico possui ruas estreitas, sinuosas, mas cheias de cores, cheiros e muito singulares. É uma ótima forma de descobrir a cidade. Passe pela Judería, bairro onde habitavam os judeus e entrem na Iglesia de Santa María la Blanca, aquela igrejinha que você não dá nada, mas quando entra perde o fôlego. Vejam a foto de seu interior abaixo.

Outra dica é: Visitem Triana. É um bairro localizado do outro lado do rio (Guadalquivir). Tem uma história associada aos ciganos, mas hoje é um dos locais mais descolados da cidade com espetáculos de flamenco e restaurantes.

Dia de Roadtrip. Fizemos vários destinos em um único dia e vou destacar atrativos e impressões. Saímos pela manhã de Sevilha para Jerez de La Frontera (96 kms) e lá tivemos o desafio de abastecer o carro. Foi a primeira vez que abasteci o carro em um país estrangeiro; na verdade, foi a primeira vez que abasteci um carro sozinha e aí vai minhas dicas de iniciante. Sim, é você que o abastecerá, portanto tenha certeza qual tipo de combustível necessário e finja costume! Abasteça o veículo com a quantidade desejada e posteriormente pague o valor abastecido na loja de conveniência local. Enquanto estiver pagando, não deixe o carro ao lado da bomba atrapalhando os demais clientes que querem abastecer, estacione-o em um local apropriado, e não usem o celular durante o processo. O Diesel custou, em média, € 1,85 por litro e gastamos em toda a viagem cerca de € 110.

Jerez de la Frontera

Com uma história que remonta a Idade do Cobre, a cidade também foi invadida pelos cartagineses, conquistada pelos romanos e pelos muçulmanos e tornou-se parte do Reino de Castela na Idade Média após a conquista de Sevilha por Fernando III. Hoje, com pouco mais de 200 mil habitantes, é conhecida pelo xerez (vinho fortificado muito semelhante a um licor, típico da região), pelos espetáculos com os cavalos andaluzes e por ser um dos berços do flamenco. Durante nosso breve período em Jerez fizemos uma degustação de xerez em uma das várias vinícolas (bodegas) (€ 6,50), a Sandeman, e gostei da experiência. Eles também oferecem visitas guiadas no qual mostra o processo de produção do vinho, mas os horários eram limitados e não tínhamos tempo. Outra vinícola importante é a Tío Pepe-González Byass. Fica a dica! Também passamos pelo centro da cidade onde visitamos a Catedral e a Plaza del Arenal. É um destino bem agradável, gostei! Segue abaixo fotos da Sandeman, da nossa degustação de Xerex, da Catedral e da Plaza del Arenal.

Cádiz

Localizada há apenas 36 quilômetros de Jerez de la Frontera, Cádiz é considerada uma das cidades mais antigas da Europa Ocidental. Possui 120 mil habitantes. Descoberta pelos fenícios, foi habitada por gregos, cartagineses, romanos e muçulmanos. Era um destino que eu estava muito entusiasmada para visitar, pois havia lido várias reportagens que apontavam-na como uma das cidades mais bonitas da Espanha, mas admito que me decepcionei. Acho que tem a ver com a questão das expectativas muito altas, que sempre conto por aqui, achei-a apenas normal. Durante nosso período passamos pela antiga Plaza Mayor de Cádiz, pela Catedral, visitamos o edifício dos Correios com uma escadaria interna em um tom acobreado lindo, a Torre Tavira e a Puerta de Tierra, a antiga entrada da cidade que separa a parte histórica da moderna. Anexei fotos da fachada da Catedral e da Puerta de Tierra.

Vejer de la Frontera

Essa talvez tenha sido a maior surpresa da viagem. A 56 quilômetros de Cádiz, Vejer de la Frontera está localizada em uma colina e é considerada um dos “pueblos” mais bonitos da Espanha. Fui ao destino, pois parte da família da Paula, minha companheira de viagem, é de lá. E conduzidos pela sua prima, pudemos andar por todo o povoado que, por conta da sua localização, manteve características muito particulares como todas as casas pintadas de branco e moinhos de vento históricos. Outra característica da cidade é a de que ela se desenvolveu dentro e ao redor de uma muralha árabe. É muito charmosa, bem cuidada, florida e a Plaza de España é um capítulo à parte. É uma mistura de Marrocos com umas pitadas de Disneylândia (quis descrevê-la no sentido de lugar perfeito, mas muito autêntica). A melhor forma de conhecer o povoado é andando. Visitamos a cidade murada, a Igreja Paroquial do Salvador Divino, El Castillo e o Mirador de la Cobijada. Cobijado é o traje típico da mulher vejeriega. É quase como uma burca, no qual fica apenas um olho de fora. A origem dessa vestimenta é castelhana, muito parecida com a roupa das mulheres dos séculos XVI e XVII. Deem uma olhada em algumas das fotos da cidade, mas já vou adiantando que o tempo fechado não ajudou nas imagens.

No final da noite voltamos à Sevilha e no outro dia retornamos à Portugal.

E essa foi minha escapada espanhola, com direito a surpresas, lembranças, novos conhecimentos, risadas, situações inusitadas, momento de ansiedade e desespero, histórias para contar, regada a zumo de naranja (não posso ir para a Espanha sem tomá-lo), bocadillo de jamón ibérico e arroz con leche.

É sempre bom voltar à Espanha, ainda mais para conhecer novos lugares. Caso queiram acompanham toda a viagem pelo Youtube, fiz um vlog que explica o roteiro e mostra minhas dicas de meios de hospedagem e alimentação, inclusive em Portugal.

Assim finalizo o texto e me acompanhem na próxima aventura.

2 comentários sobre “Roadtrip pelo sul da Espanha

  1. Vanessa, que maravilha é viajar com você! Seja virtualmente, com as suas postagens aqui no blog; ou pessoalmente! Sinto-me grata por ter sua companhia e compartilhar de algumas histórias de viagens e aventuras. Você é ótima. Beijos.

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