Quando viajei para o meu estudo pós-doutoral na Holanda em fevereiro, fiz uma lista de lugares que eu gostaria de conhecer durante este período na Europa e Bucareste na Romênia era um deles, pois queria visitar um lugar novo e estou muito interessada no Leste Europeu, só não sabia que a visitaria tão rápido. Para quem sabe muito pouco sobre a Romênia, o país é uma república semipresidencialista, quer dizer, tem um primeiro ministro e um presidente. Está localizado no centro-sudeste da Europa, próximo de países como a Hungria, Bulgária e Ucrânia e possui pouco mais de 20 milhões de habitantes. Lidou com o domínio otomano, viveu um regime monárquico, lutou durante as duas grandes guerras, enfrentou décadas de comunismo e hoje tem orgulho de ser uma nação tentando trilhar seu próprio caminho, mesmo não tão entusiasmada com seus políticos. É um país laico, no entanto a população é majoritariamente cristã ortodoxa (mais de 90% dos romenos). Por questões religiosas são conservadores e tem como idioma oficial o romeno, uma variação das línguas latinas que se assemelha ao Italiano. A capital é Bucareste, maior cidade do país; também considerada a capital cultural, industrial e financeira da Romênia. Não sabia, mas a cidade também é muito conhecida pela vida noturna e pelo turismo sexual (sim, quando soube disso fiquei me perguntando o que eu estava fazendo por lá!), principalmente por turistas israelenses e italianos, mas recebe cada vez mais turistas internacionais motivados por negócios, eventos, história e cultura. Mesmo com essa fama de ser uma cidade noturna, destaco que Bucareste é uma das capitais mais seguras da Europa. Por fim, a Romênia faz parte da Comunidade Europeia, mas não utiliza o Euro como moeda oficial, e sim o Leu (RON). A cotação do Leu é de 1 EUR ≅ 4.5 RON (abril de 2019).
Vou contar minha viagem pelos dias, pois assim mostro de forma mais sucinta todos os atrativos que visitei. Fui à Bucareste de avião; optei pela companhia KLM pelo simples fato de ter voos diretos e horários amigáveis saindo de Amsterdã. E foi logo no começo da jornada que percebi o perrengue de morar no interior da Holanda. Madruguei, corri até a estação de trens, fiz um longo percurso de comboio ao Aeroporto Schiphol, o maior terminal aeroportuário do país e depois de longas filas nos setores de segurança e imigração, finalmente embarquei para Bucareste. Enfim, percebi que realmente não é fácil fazer uma viagem ao exterior morando tão longe de tudo. O aeroporto de Bucareste (Aeroporto Internacional Henri Coandă) é grande e moderno. Ele é conectado às diferentes regiões da cidade por ônibus públicos e táxis. O trecho de ônibus do Aeroporto ao centro da cidade custa 8.60 RON, mas leva uma eternidade, em torno de uma hora. O táxi é mais rápido, mas muito mais caro, cerca de 68 RON. Primeira dica de viagem: Chegando em Bucareste, troque um pouco de dinheiro em uma casa de câmbio no próprio aeroporto, pois os estabelecimentos romenos não recebem moedas estrangeiras e o sistema de transporte, seja táxi ou ônibus, não aceita cartão de crédito internacional. As tarifas das companhias de câmbio no aeroporto são as piores possíveis, mas troquem pelo menos o necessário para chegar ao centro da cidade.
A hotelaria de Bucareste é muito boa e variada e por ser uma cidade barata para os padrões europeus, é possível conseguir ótimas opções por preços amigáveis. Estava muito disposta a reservar um hotel boutique próximo ao centro da cidade, mas de última hora escolhi o Hilton Garden Inn Bucharest Old Town. Localizado na parte mais antiga da cidade, o Hotel foi recém inaugurado, portanto tudo novinho. Bons ambientes, ótima localização, café da manhã completo incluído na diária e o melhor de tudo, ganhei um upgrade de categoria sem custo adicional. Ele é bem padronizado, ao estilo Hilton, mas mesmo assim, achei muito bom. Segue abaixo algumas fotos do empreendimento.
1º. Dia
Esse era um dia reservado para o tour pela cidade e aproveitaria o tempo para visitar os principais museus, mas depois de uma conversa sincera com o taxista que me levou ao centro e com a recepcionista do Hotel, decidi comprar um passeio para conhecer o interior da Romênia. Comprei uma excursão de um dia que visitava os castelos mais famosos do país, incluindo o Castelo de Peles. Localizado na região de Sinaia, o Castelo é uma edificação lindíssima do século XIX que serviu como residência da família real romena. O lugar é lindo e apesar de ser relativamente pequeno, é um dos castelos mais encantadores que eu já vi. Foi a edificação mais moderna de sua época com sistema de ventilação, calefação, rede elétrica e telefônica em pleno século XIX. Além disso, tem um cinema, o primeiro de toda a Romênia, decorado com pinturas de Gustav Klint. Segue algumas fotos da fachada e do interior do Castelo.
Visitamos também o Castelo de Drácula, na Transilvânia, uma construção medieval que sofreu várias modificações durante os séculos, mas que serviu de inspiração para o romance Drácula, escrito pelo autor irlandês Bram Stocker.
E finalizamos o dia visitando a cidade de Brasov, a segunda maior cidade da Romênia com mais de meio milhão de habitantes. Conhecida também como uma cidade universitária, o centro de Brasov é tombado como patrimônio histórico arquitetônico.
O pacote custou € 80, preço médio entre as empresas que oferecem o mesmo tour. Valeu super a pena, pois é possível conhecer o interior da Romênia cercado de tradições, lindas paisagens e muita história. Minhas únicas recomendações são: Tenham em mente que é uma excursão de um dia completo, portanto é extremamente cansativa. Também é importante saber que a região de Sinaia é cheia de montanhas, portanto é MUITO fria. Podíamos ver o gelo no chão em plena primavera. Voltei à Bucareste no final do dia acabada, só pensando na minha cama.
2º. Dia
Hoje foi dia de fazer os programas por Bucareste. Pela manhã participei de um free walking tour pelo centro da cidade. Optei pelo tour Bucharest Free Tour Old Town Legends & Stories, oferecido pelo site FreeTour.com. Sempre faço esse tipo de tour e o conceito é basicamente o mesmo; o guia oferece o melhor tour que ele pode e você decide quanto vale o passeio. O tour sai todos os dias às 10h30 e às 15h da da Manuc’s Inn e é necessário uma pré-reserva antecipada sem custos na homepage da empresa. Durante o trajeto de quase três horas, passamos pelos seguintes locais: Manuc´s Inn, Monastério Stavropoleos, as ruínas da fortaleza de Drácula, Banco Nacional da Romênia, Museu de História e a Estátua Romana do Lobo, Oriental style inns, Russian Church, University Square, Macca Villacrosse Passage, Palácio CEC e Rua Lipscani. O tour foi muito legal e nossa guia Maria era ótima! Recomendo muito! Segue abaixo fotos do Monastério (fachada e interior), do Palácio CEC e Macca Villacrosse Passage.
Saindo do passeio peguei um metrô rapidão, pois queria muito conhecer o Muzeul Național al Satului Dimitrie Gusti, também conhecido como Village Museum. É um museu a céu aberto situado no Parque Herăstrău, o maior parque urbano de Bucareste. Foi inaugurado em 1936 e apresenta 360 monumentos dos séculos XVII ao XX recolhidos de diferentes regiões da Romênia que mostra a arquitetura, história, cultura e tradições romenas. São casas, igrejas de madeira e instalações industriais, que incluem oficinas, moinhos de vento e algumas instalações hidráulicas. Maravilhoso, maravilhoso! Mesmo em um dia chuvoso, fiquei completamente encantada pela atmosfera do lugar e recomendo demais o passeio. O ingresso custa 15 RON.
E se preparem para a overdose de fotos, pois não resisti.
E assim terminou minha viagem. Voltei ao Aeroporto de ônibus dando adeus a cidade e ao meu primeiro roteiro internacional nesta nova jornada europeia.
A Romênia é muito diferente do que eu imaginei. Não achei o país tão encantador com a Polônia, a Croácia e a Hungria. E Bucareste certamente não é tão bonita como Budapeste e Varsóvia. Há lugares realmente encantadores, mas também há caos e confusão que trazem uma mistura desconexa à cidade. Os romenos são, em grande maioria, pessoas espalhafatosas, que falam alto, gostam de música alta e de gosto duvidoso e muito bons de papo. Gostam de boa comida, preparadas a base de muita carne e tempero; são muito apegados às tradições e tem muito respeito à sua própria cultura.
Outro país conhecido e outro novo mundo descoberto. Senti-me muito grata durante toda a viagem pelo privilégio de conhecer um lugar que nunca imaginaria conhecer e muito feliz de poder saborear cada nova experiência com a maturidade de alguém que aceita e respeita o próximo e as diferenças. Agora é hora de explorar novos lugares e espero que me acompanhem nestas jornadas, pois há muito destinos diferentes na minha cabeça.
Assim como tenho feito nos últimos posts, fiz um vídeo sobre a viagem no qual mostro imagens inéditas da aventura e falo um pouco mais sobre minha experiência. Este vídeo é especial, pois é o primeiro na qual edito sozinha, portanto relevem os erros de principiante e curtam a Romênia de um a forma mais pessoal.
La revedere!