Quem me conhece sabe que Portugal não é o meu destino favorito de viagem. A primeira vez que estive no país foi em 1999 quando estava fazendo um intercâmbio na Espanha. Eu e minha querida amiga Juliana aproveitamos alguns dias para passear por terras lusitanas. Nesta primeira visita, eu fiquei um pouco assustada com o Porto. Achei a cidade feia, com edifícios mal cuidados e as pessoas tinham o péssimo costume de deixar suas roupas secando nas sacadas dos prédios, passando uma sensação de que estávamos em um cortiço. Enfim… Dessa vez, voltei ao Porto por motivos de estudo. Eu iria apresentar dois artigos científicos na ALTEC – Congresso Latino Iberoamericano de Gestão de Tecnologia. É um dos eventos mais importantes do mundo na área de tecnologia e por essa razão, seria uma honra para mim estar presente no evento. A viagem ao Porto começou em Frankfurt. A maioria das pessoas que eu conheço que já visitaram Frankfurt nunca me falaram maravilhas de lá. Por essa razão, não tinha grandes expectativas sobre a cidade. Mas amei, amei, amei!!! Cheguei à Haupbahnhof (Estação Central de Trens) quase 11 horas da manhã e fui direto para o hotel. O hotel é um capítulo a parte. Escolher um meio de hospedagem em Frankfurt não é tarefa fácil. A cidade oferece todas as opções imagináveis e para todos os tipos de bolso. Eu pretendia ficar perto da Hauptbahnhof, pois era mais prático por conta da viagem a Portugal e queria que fosse um hotel não muito caro, mas ao mesmo tempo, que fosse bom. Encontrei um empreendimento chamado Roomers que pelas fotos parecia ser ótimo (mas tomem cuidado, só olhar as fotos pode ser uma furada! Quase nunca revelam a qualidade real do lugar), mas as recomendações dos clientes também eram muito boas. O Roomers é um hotel boutique há duas quadras da Hauptbahnhof. Fiquei surpresa com tudo, desde a decoração sóbria, mas muito chique, o atencioso atendimento, a qualidade do quarto e até com os ammenites (Era L´occitane bem! Tinha até roupão e chinelinho. Adoro!). Eles são atenciosos até ao oferecer no quarto revistas renomadas. Tinha de Vogue a Playboy (para todos os tipos de clientes!). O melhor de tudo é que no final de semana eles têm um café da manhã estendido que funciona até às 13hs. Está mais para um almoço! Tudo isso eu paguei € 135. Tá, eu sei que não é super barato, mas tá longe das tarifas dos hotéis renomados. Estou tão feliz com minha escolha que super, mega recomendo! Depois de fazer um early check-in (ainda me deixaram fazer um check-in mais cedo), saí do meu hotel e fui andando em direção ao centro histórico pela Untermainkai, a via que passa ao lado do Rio Main. Pensa em um lugar lindo, charmoso e romântico! Ainda mais com as folhas amarelas e vermelhas do outono europeu por todo lado. Eu que não sou chegada nessas coisas, tive que parar, sentar e aproveitar um pouco a vista. Nesta hora eu já estava vendida pela cidade! Dê uma olhada na foto abaixo.
Andei por uns 15 minutos e cheguei ao centro histórico onde fica a Catedral de São Bartholomeu (DOM) e o Römer, uma região onde eles recriaram como eram as casas na localidade antes da 2ª Guerra Mundial. Vale ressaltar que Frankfurt foi brutalmente bombardeada durante a 2ª Grande Guerra. O lugar é um charme! No local ainda fica a antiga Rathaus e a Alte Nicolaikirche (igreja luterana).
Andei em direção norte e parei na Paulkirche (outra antiga igreja luterana que se transformou em um símbolo da democracia alemã), continuei minha caminhada até chegar a Zeil, uma das principais ruas do comércio local. Já vou adiantando que não é uma rua comum; ela é ampla, com vários restaurantes no centro e possui tudo que você pode imaginar em termos de compras. Lembra-me um pouco Hamburg. Mesmo quem não gosta de compras, acho que vale a pena dar uma passadinha por lá. Peguei essa mesma rua, mas no sentido contrário e parei na linda Alte Opera. Inaugurada em 1880, a Antiga Opera de Frankfurt foi completamente destruída pelas bombas durante à 2ª Guerra Mundial. Foi reconstruída e reaberta na década de 1980, mas hoje a cidade possui uma nova casa de Ópera mais moderna, próxima às margens do Rio Main. Perto dali também dei uma sapeada na Goethestrasse, a rua das lojas mais exclusivas da cidade como Chanel, Prada, Gucci e companhia. Ainda tive tempo de passar no Museu do Goethe, uma casa do século XVIII completamente intacta onde nasceu e cresceu Goethe. O museu custa € 7 e vale a pena para ver com viveu esse importante escritor alemão. É impressionante ver uma casa tão antiga e tão bem conservada! Ainda andei pela Gallusanlage, onde concentra grande parte dos arranha céus de Frankfurt (Frankfurt é chamada de Mainhattan como uma jogada com o nome de Manhattan, NYC por conta do número de arranha-céus, mas fala sério, não tem comparação!), no centro da via tem um parque bem charmoso. Um bom lugar para passar o tempo! Voltei ao centro do comércio já no começo da noite e fiquei espantada com o número de pessoas andando pela rua. As vias iluminadas e lotadas de pessoas me fizeram lembrar sim NYC. Lindo! Já noite voltei ao hotel para tentar descansar.
2º Dia
Acordei o mais tarde possível, pois queria aproveitar o meu hotel. Tomei um café perto do horário do almoço como um brunch, pois como eu havia comentado, nos finais de semana eles servem café até às 13hs. O café no hotel é maravilhoso, muitos tipos de pães, muitos e muitos tipos de queijo. Fiz meu check-out e voltei ao centro de Frankfurt, pois queria conhecer o Historiches Museum. Paguei € 6 pela visita, mas não recomendo. O acervo é muito pequeno. É um museu confuso, sei lá, não gostei! Ainda andei pelo centro e vi uma escola de samba brasileira animando uma corrida de rua. As mulatas estavam devidamente vestidas e o som do samba era tão contagiante, que até os atletas estavam aplaudindo. À tarde fui ao Aeroporto de Frankfurt (gigantesco!) e à noite peguei o voo ao Porto.
3º Dia
Para quem não sabe, Porto é uma cidade situada ao noroeste de Portugal às margens do Rio Douro e que possui aproximadamente 240 mil habitantes. É internacionalmente conhecida por seus vinhos, entre eles o famoso vinho do Porto, um vinho licoroso apreciado no mundo inteiro, e pelo seu patrimônio arquitetônico, o que a transforma em uma das cidades turísticas mais importantes do país.
Neste dia, não acordei muito cedo, mas ainda pela manhã fui ao Hotel Vila Galé, pois precisava pegar o pôster de um dos meus trabalhos que estava com uma das professoras da Universidade Positivo. De lá, fomos de táxi até o prédio da Alfândega onde estava acontecendo o evento. Passei a manhã toda no evento, mesmo porque eu tinha que ficar à disposição dos participantes para tirar as dúvidas com relação ao meu trabalho. Almoçamos no prédio da Alfândega mesmo e no intervalo do almoço, aproveitei um pouquinho para conhecer a Livraria Lello. A Livraria Lello existe desde o século XIX, mas o edifício que visitamos é de 1906. Pensa em um lugar lindo! É fora do comum!! Dê uma olhada na foto abaixo. Uma das minhas colegas me disse que a Livraria serviu como locação para os filmes do Harry Potter.
O mais interessante é que além de livros você também pode comprar sabonetes (?) e vinho do Porto (?). Muito eclético, não?! É um lugar maravilhoso, vale a visita. Ainda passamos pela Universidade do Porto, Igreja e Torre dos Clérigos e Igreja do Carmo (fica tudo na mesma praça). Fiquei parte da tarde no evento. No final da tarde, fui caminhando ao meu hotel e passei por outros pontos turísticos importantes: Igreja de São Francisco (vou falar mais tarde sobre ela), Palácio da Bolsa (também falo mais sobre ele no dia 4), Igreja St. Nicolai (o interior é lindo) e o Mercado Ferreira Borges. Fica tudo na mesma área. Nesta área também tem algumas lojas descoladas de artesanato que valem a pena ser visitadas. Já mais ao centro, ainda andei pela Rua de Santa Catarina, uma das principais ruas do comércio do Porto. Na Rua Santa Catarina conheci um lugar chamado Nata. Um barzinho despretensioso, mas super charmoso especializado em Pastel de Nata (mais conhecido pelos brasileiros como Pastel de Belém). Adorei o lugar e recomendo. Eles também servem refrescos, mas o melhor de tudo é que o pastel de nata custa apenas € 1. Passei o restante da noite no meu hotel e depois quero escrever mais sobre ele.
4º Dia
Quando planejei minha viagem a Portugal, a única coisa que eu tinha certeza é que queria ficar hospedada no Intercontinental Palácio das Cardosas. Localizado na Avenida dos Aliados, no coração do Porto, em uma mansão restaurada do século XVIII, o hotel é o melhor da cidade. Aproveitei que o evento ofereceria uma tarifa especial e o reservei na hora. O lugar é espetacular! Há alguns anos atrás, quando fui para Cancun e fiquei hospedada no Fiesta Americana Grand Coral, comentei no blog que era o melhor hotel que eu já tinha me hospedado. Perdoe-me o Fiesta Americana, mas o Intercontinental é imbatível! Além de o edifício ser lindo por si só, as acomodações são ótimas e o atendimento é fora de série. Me senti uma rainha! Caso vocês estejam planejando uma viagem ao Porto e tenham uma graninha sobrando, acho que vale muito a pena investir um pouco mais e ficar no hotel. Sério mesmo! Dê uma olhada nas fotos do lugar.
Hoje fiquei até mais tarde no quarto (a minha cama era boa demais!!!) e no final da manhã fui dar uma volta pela cidade, pois queria aproveitar meu dia livre para conhecer alguns atrativos do Porto. Tomei meu café da manhã no Magestic Café. Inaugurado em 1921, o Magestic é considerado um dos cafés mais bonitos do mundo. O meu café custou € 20, mas era super completo. Quando eu já estava cheia, ainda me ofereceram iogurte com calda de frutas silvestres (um dos melhores que eu já comi na minha vida!) e uma tacinha de espumante. Saí de lá rolando! Comi tanto que nem quis almoçar. Mas acho que além da comida, vale a pena pela experiência, pois o lugar é lindo. Aprovadíssimo! Dê uma olhada na foto abaixo.
Passei ainda no Mercado do Bolhão (um horror, não vale a visita!) e de lá tomei um metrô para o Shopping Dolce Vita. O metrô do Porto é ótimo! Novo, organizado e as linhas cruzam toda a cidade, inclusive chegam ao Aeroporto. O Dolce Vita é um shopping que fica em uma parte mais moderna da cidade. Está localizado ao lado do Estádio do Dragão. É um centro comercial moderno e nos moldes dos shoppings brasileiros. Aproveitei minha visita para ir ao cinema, pois fazia quase um mês que não assistia filme algum. Paguei € 5,30 pela sessão (achei um preço bom!). Voltando ao centro, fui ao Palácio da Bolsa para uma visita guiada. Localizado em um edifício do século XIX, construído em cima das ruínas do Convento da Igreja de São Francisco, serviu como Associação Comercial e Bolsa de Valores até a década de 1990. Hoje, além das visitas turísticas, também sedia diferentes tipos de eventos. O lugar é espetacular!!! Tem tantos detalhes que demorou 108 anos para ficar pronto. É daqueles lugares que tem que conhecer. Eles não permitem tirar fotos, por isso não tenho nada para mostrar além da fachada, mas estou falando sério, chegou a sair algumas lágrimas do meu olhinho de tão lindo! Ahhh! Paguei € 7 pela visita.
Ainda inspirada com o passeio ao Palácio da Bolsa, fui conhecer a Igreja de São Francisco que fica logo ao lado. Construída a partir do século XIV é daquelas igrejas que tiram o fôlego pelos lindos altares em madeira folhados a ouro. É uma igreja originalmente gótica, mas seu altar tem um estilo barroco muito familiar aos brasileiros. É outro lugar lindo e que vale a pena ser visitado. Paguei € 3,50. Depois de tanta informação, voltei ao meu hotel, pois precisava trabalhar. Tinha TCC´s para corrigir, apresentação do meu artigo para preparar e assim acabou mais um dia.
5º Dia
Hoje acordei o mais tarde possível (não muito tarde, pois tinha apresentação logo pela manhã). Passei a manhã toda no evento. Apresentei meu trabalho e no começo da tarde finalmente já estava livre. Ufa! Resolvemos almoçar em um lugar especial. Nossa escolha foi o Restaurante Commercial. Fundado em 1833 pelo Mestre de cozinha espanhol Manoel de Recarey Antelo, o restaurante foi declarado pela UNESCO como patrimônio mundial da humanidade. Está localizado ao lado do Palácio da Bolsa. Além do lugar ser extremamente charmoso (olhe a foto abaixo), a comida é fantástica. É um pouco (bem pouco) mais caro que os outros restaurantes do mesmo padrão, mas a comida é muito boa. Outro lugar recomendado!
Depois do almoço aproveitei para andar pela região da Ribeira. Fui no Museu do Infante (localizado na Antiga Casa da Moeda), dei uma passada na Igreja da Sé, uma linda igreja medieval que fez parte da primeira ocupação do Porto e terminei meu passeio na Estação de São Bento. Em uma edificação do século XIX, este prédio impressiona pelos lindos azulejos portugueses que rodeiam todo o hall central do prédio. É parada obrigatório para qualquer turista.
Quando eu estava saindo da Estação de São Bento vi um senhorzinho bem velhinho, devia ter uns 80 anos. Ele olhou para mim e sorriu. Eu achei tão fofo que sorri para ele, aí ele se empolgou e disse: – É uma rica boneca! Fiquei tão sem graça… Dei um sorriso e saí de perto dele. Viu?! Estou fazendo sucesso até com os homens mais experientes. 🙂 À noite fui no Jantar de Gala do evento. Ele foi realizado no Mosteiro São Bento da Vitória. Pense em um lugar lindo! Um antigo mosteiro completamente adaptado para receber eventos sociais. Estava ótimo! Comida boa, companhia boa… Olhe a foto abaixo. Ela foi tirada do meu celular! Estou me sentindo a super esperta postando fotos do celular no blog.
Para mim, só faltou um show de fado para fechar a noite, mas tudo bem. Quem sabe na próxima! No outro dia de madrugada peguei o voo de volta à Frankfurt e no começo da tarde já estava na minha Bad Honnef.
Essa minha viagem ao Porto foi uma grata surpresa. Ainda não me apaixonei pela cidade… Continuo com vontade de pegar um escovão e um detergente e meter bronca naqueles edifícios cinzentos e mal cuidados. Ainda me incomoda ver as roupas penduradas nas sacadas dos apartamentos, mas tenho que admitir que a cidade se modernizou. Foi bom ter visto que o metrô (ou métro como os portugueses dizem) é tão prático e moderno. Foi bom conhecer as áreas mais modernas da cidade. Foi bom ver que Portugal é uma ótima opção para turismo de compra (você consegue ver uma diferença marcante nos preços dos produtos quando comparados à outros países europeus como a Alemanha). Mas o melhor de tudo foi descobrir que a beleza do Porto está nos detalhes… Sejam nas fachadas em art decó e art noveau das lojas no centro da cidade, sejam nos antigos casarões de pedras transformados em requintados restaurantes típicos ou até mesmo nas lojinhas de artesanato super estilosas… Então agora é partir para a próxima… Londres que me aguarde!