Ainda com a missão de explorar a América, dessa vez minha parada foi na Cidade do Panamá (Ciudad de Panamá). Só para dar uma situada, o Panamá é um país de quase quatro milhões de habitantes localizado na América Central. Já fez parte do território espanhol durante o período colonial, mas também já foi colombiano. No entanto, auxiliado pelos Estados Unidos (que tinham interesse em aproveitar economicamente o istmo que une os Oceanos Atlântico e Pacífico, construindo e explorando uma eclusa que até hoje é a principal fonte de renda do país, o Canal do Panamá) conseguiu sua independência no início do século XX. A influência americana no país, sobretudo sobre o Canal do Panamá, foi tão grande que o Canal só passou inteiramente às mãos panamenhas em 1999. Nesta brincadeira, os Estados Unidos lucraram durante seu período de exploração 40 vezes o valor investido na obra.
Assim como o Brasil, o Panamá também já enfrentou uma dura ditadura militar, mas hoje é uma república próspera que só no ano de 2015 experimentou um crescimento de mais de 6% do Produto Interno Bruto.
A moeda local é a Balboa, mas como os panamenhos dizem, é como uma moeda figurativa, pois o Dólar Americano circula livremente pela cidade e a cotação é de B/. 1 = US$ 1. A capital, Cidade do Panamá, é a maior e mais populosa do país com quase 1,5 milhão de habitantes em sua região metropolitana. É uma cidade cosmopolita que possui uma miscelânea cultural, formada por imigrantes europeus, chineses, hebreus, africanos, além de diferentes grupos indígenas que ainda habitam a região. No entanto, nos últimos anos tem presenciado a chegada de imigrantes proveniente, sobretudo, dos Estados Unidos, Canadá, Colômbia e Venezuela, que procuram o que o país tem de melhor; segurança, bom clima e oportunidades de trabalho. Por sua rica história, parte de seus atrativos é tombado como Patrimônio da Humanidade pela UNESCO. E esse foi um dos vários motivos que me motivou a conhecer o destino. Na verdade, a cidade também é conhecida pelas suas opções de compras e pelos cassinos. Infelizmente com o Dólar a R$ 4,10, não pude aproveitar ao máximo estas últimas opções.
Dessa vez, voei de Copa Airlines, saindo do Aeroporto Internacional de Guarulhos direto para a Cidade do Panamá. Já havia viajado com a Copa em minha passagem por Cuba. Eu achei a companhia ok. As aeronaves são novas, o atendimento e a alimentação são normais, mas o entretenimento a bordo é fraco.
A hotelaria da Cidade do Panamá é ótima. Ela oferece estabelecimentos para todos os gostos e bolsos e é possível encontrar muitas das grandes redes hoteleiras mundiais. A oferta foi tão irresistível que decidi ficar em dois empreendimentos distintos. O primeiro foi o Hyatt Place Panamá City Downtown Hotel, localizado entre as Calle 50 e Avenida España, no coração financeiro da cidade. Localização prática, ótimo tamanho dos apartamentos, atendimento ok e preço justo. Só achei o café da manhã muito fraco. É aquele pão com geleia, ovos mexidos (huevos revueltos) e bacon bem básico americano. Neste quesito, eu devo admitir que esperava mais, mas super recomendo o hotel! Deem uma olhada na recepção e no meu confortável apartamento.
Já minha segunda opção foi o descoladíssimo Hard Rock Hotel Panama Megapolis. Na verdade, essa era minha primeira opção, mas o dólar alto não me deixou ficar por lá todos os dias. Esse era um empreendimento que eu estava louca para conhecer, mas fiquei um pouco decepcionada. O hotel é gigantesco! São mais de 1400 quartos e suítes espalhados por um edifício de 66 andares. O estabelecimento ainda oferece quatro restaurantes, boates, bares, spa, loja… Enfim, o que parecia ser um sonho, me sufocou um pouco. É um hotel de gente super jovem e animada e me senti meio velha. Também fiquei um pouco decepcionada com o apartamento, talvez porque estivesse esperando demais! De qualquer forma, gostei da experiência e o recomendo para os turistas que estão procurando um hotel de festa. No entanto, para quem quer descansar, não creio que seja a melhor opção. Ahhh! Devo admitir que os serviços eram ótimos e o café da manhã, super vasto. Deem uma olhada no interior do empreendimento e do meu apartamento.
Ao contrário das outras viagens longas que contei meu tour pelos dias, vou citar apenas os atrativos que visitei, pois fiz um roteiro confuso com idas e vindas e acho que desta forma ficará mais fácil entender tudo o que eu vivenciei por lá. Ahhh! Eu coloquei muitas fotos, pois em alguns atrativos, simplesmente não resisti.
City tour – Existem várias empresas e taxistas que oferecem city tour completo pela cidade, mas optei por fazer um passeio com aqueles tradicionais ônibus turísticos de dois andares. O ônibus sai todos os dias a partir das 09 horas do Shopping Multicentro e passa pelos principais atrativos da cidade: Albrook Mall (dizem ser o maior shopping da América Latina), Miraflores (centro de visitantes do Canal do Panamá), Biomuseo, Isla Flamenco e termina no Casco Antiguo. Os ônibus são bem simples e fazem poucas paradas, mas é uma boa forma de ter uma dimensão da cidade e de onde estão localizados seus atrativos. O ticket individual custa US$29 e pode ser adquirido no próprio transporte. Recomendo!
Canal do Panamá – É um canal artificial de 77 quilômetros de extensão que liga o Oceano Atlântico ao Oceano Pacífico. O canal atravessa um istmo (uma estreita facha que liga duas áreas de terra) onde foram construídos bloqueios e eclusas para efetivar a travessia. O Canal começou a ser construído pela França em 1881, mas que abortou a obra devido a problemas de engenharia e sanitários. Os Estados Unidos assumiram a construção no início do século XX e o inauguraram em 1914. Hoje o atrativo é considerado pela Sociedade Americana de Engenheiros Civis como uma das 7 Maravilhas do Mundo Moderno. O Canal oferece um centro de visitantes chamado Miraflores onde é possível ver um vídeo 3D que explica sobre a obra, um museu, um simulador que mostra como os navios passam pelas eclusas (bacana!), mas também é possível ver duas eclusas em pleno funcionamento. Recomendado! A visita à Miraflores custa US$ 15. Deem uma olhada em parte do Canal.
Panamá Viejo – São os restos da antiga Cidade do Panamá. Fundada em 1519, foi a primeira cidade estabelecida pelos europeus às margens do Oceano Pacífico e a mais antiga de todas as capitais em terra firme no continente americano. Por sua posição geográfica estratégica, era ponto de parada dos navios espanhóis que levavam os bens extraídos das colônias espanholas para a Europa. Por essa razão, era alvo de piratas e corsários. Em 1671, a cidade foi saqueada e incendiada pelo pirata Henry Morgan e seus habitantes foram obrigados a deixá-la e se instalaram em um outro ponto mais seguro, hoje conhecida como Casco Antiguo ou Casco Histórico. As ruínas do Panamá Viejo são tombadas como Patrimônio Mundial da UNESCO; ainda restam as estruturas de algumas edificações da época como o Monastério, a Igreja e seu campanário. O atrativo oferece também um pequeno museu que conta um pouco da história dos habitantes locais, da estrutura da cidade e sobre sua destruição. A visita ao museu é opcional, mas não o recomendo. De qualquer forma, gostei de conhecer as ruínas, mas só indico a visita para as pessoas que tenham grande interesse em história. Para os curiosos de plantão, a visita custa US$ 12 (com museu incluído). Segue algumas fotos do local. Ahhh! A terceira foto é da antiga igreja com seu campanário. Eu inventei de subir até o topo da torre: – Para quê, meu Deus? Para quê? A subida é sofrida! Fiquei com dores nas pernas por dois dias.
– Casco Antiguo – É o distrito histórico da Cidade do Panamá. Ele foi estabelecido em 1673, após a destruição quase total da cidade original. Sua história e suas edificações de diferentes estilos arquitetônicos foram decisivos no seu tombamento como Patrimônio Mundial da UNESCO. Esta parte da cidade é charmosérrima e encantadora! Diferente do que eu imaginava, as edificações não são no estilo colonial espanhol tradicional, assemelha-se mais ao estilo de Nova Orleans nos Estados Unidos (como seu conhecesse Nova Orleans), mas adorei! Desculpem, fiquei tão empolgada que tirei muitas fotos. A primeira foto é da Catedral Metropolitana do Panamá, localizada na linda Plaza Mayor ou Plaza de la Independencia (segunda foto).
Centro novo – Essa é a parte mais moderna e um dos cartões postais da cidade. Possui um conjunto de edifício super modernos e chiquetérrimos, transformando o skyline em um dos principais atrativos locais. Olhem que lindo! A terceira foto é do edifício do Banco Bilbao Vizcaya Argentaria, um dos edifícios mais lindos que eu já tive oportunidade de conhecer.
Cinta Oceânica – É um lindo calçadão situado no centro novo da cidade às margens do Oceano Pacífico. É possível fazer caminhadas, andar de bicicletas e praticar esportes. O lugar é lindo, mas infelizmente o cheiro de esgoto estraga muito o passeio. Deem uma olhada.
Compras – A Cidade do Panamá é conhecida como um destino de compras. Ela oferece vários shoppings e lojas com diferentes tipos de produtos. As peças de decoração, por exemplo, são de um bom gosto absurdo.
Entre os shoppings, o maior e mais popular é o Albrook Mall. Eu achei esse shopping o ó, parece um paraguaizão, mas devo admitir que encontra-se boas barganhas por lá. Ele está localizado longe do centro da cidade, mas é possível chegar ao atrativo de metrô. Também visitei o Multicentro, outro shopping decepcionante, e pior, não oferece boas opções. Na minha opinião, os melhores shoppings são: o Multiplaza Pacific e o Soho Mall. O Multiplaza é grande, amplo, iluminado, e possui tanto lojas mais exclusivas como Hermés, Dolce Gabbana, Cartier, Prada, etc., como marcas mais populares. Recomendo ir atrás das “rebajas”. Achei boas promoções por lá, uma pena que a exorbitante cotação do dólar não ajudou. Já o Soho Mall é o shopping mais luxuoso da cidade. Localizado no centro financeiro, é daquele tipo de shopping só para ver e passear, mas é lindo. Além disso, tem restaurantes super agradáveis e um mercado mega estiloso. Segue abaixo fotos do interior do Albrook Mall, do Multiplaza e do Soho Mall. Ahhh! Perto do Aeroporto localiza-se outro shopping, o Metromall, uma boa opção para quem está na Cidade do Panamá para uma curta conexão, mas infelizmente não o visitei.
Alimentação – Devido à miscelânea cultural, a gastronomia da Cidade do Panamá é rica e é possível encontrar um pouco de tudo. A gastronomia panamenha é, basicamente, constituída por pratos a base de frutos do mar e pescados, principalmente a corvina. Mas a opção mais popular na cidade é a raspadinha, que eles chamam de “raspado”. Vocês encontram carrinhos de raspadinha em cada esquina e estas iguarias são super elaboradas com leite condensado, caramelo, açúcar, etc. Eu não as experimentei, mas devem ser muito boas pela popularidade dos carrinhos. Deem uma olhada na carinha deste “raspado”…
Se eu puder recomendar alguns lugares, gostaria de indicar o Athanasiou, um café charmoso bem ao estilo americano, localizado ao lado do Hard Rock Hotel Panama Megapolis. Eles oferecem um pouco de tudo; sanduíches, sopas, tortas, bebidas quentes, etc. Deem uma olhada…
Minha segunda indicação é o Veggie Moon, um restaurante especializado em frutos do mar localizado no Casco Antiguo. O lugar é inusitado, charmoso, delicioso e que dá atenção especial aos detalhes. Ele é um um pouco mais caros que os demais estabelecimentos da região, mas vale a pena. Além disso, o chef de cozinha do restaurante é brasileiro. Deem uma olhada no salão do empreendimento.
O último é o Brazzeiro, uma churrascaria brasileira com os sistema de rodízio localizada no Soho Mall. Eu sei que recomendar uma churrascaria fora do Brasil é meio piegas e devo admitir que a carne está longe de ser a melhor que eu já provei (muitos dos cortes precisavam de mais tempero e eram provenientes de boi confinado – quem vê pensa que eu sou “a” entendida em carne!), mas o buffet oferecido vale toda a pena. Comi a melhor lagosta da vida! Segue abaixo uma foto do interior do restaurante.
Transporte – A cidade depende quase que exclusivamente da malha rodoviária, mas oferece vários tipos de transporte. Para o turista, o mais popular é o táxi. Há os táxis brancos, conhecidos como táxis turísticos, mais caros. Também é possível encontrar táxis amarelos, que atendem tanto turistas quanto a população local. Eles são loucos, mas são baratos (sempre negocie a tarifa antes de entrar nestes táxis e pechinche. Eu que nem sei pechinchar até peguei a manha do negócio!). Os motoristas são quase sempre muito simpáticos e os carros, mesmo velhos, estão geralmente limpos, cheirosos e possuem ar condicionado. Ar condicionado no Caribe é vida! Ahhh! E já vou avisando… Não esperem taxímetros nestes veículos. Os preços são determinados pelas zonas que vocês irão visitar, pela cara do cliente, ou simplesmente pelo desespero do taxista em conseguir uma corrida.
A cidade também oferece ônibus coletivos. São eles: Os Diablos rojos, um tipo de ônibus antigo, super colorido, louco e sem ar condicionado; o Metrobus, frota levemente mais nova e mais cara; e o Busito, vans que atendem exclusivamente os moradores. Há também o metrô; as estações parecem novas, mas atendem uma pequena área da cidade.
Infelizmente andar a pé não é a melhor ideia. As vias não são regulares e as calçadas são péssimas; fazem as calçadas de Curitiba parecerem um sonho! O trânsito é caótico, os motoristas são loucos e parecem esquecer regras básicas de trânsito. É uma buzinação sem fim (os táxis ficam “pitando” no meio da rua para chamar os pedestres, neste caso, possíveis clientes) e faixa de pedestre é um sonho longínquo. Mas no final das contas, dá tudo certo.
Minhas impressões – Por mais que eu tenha gostado de conhecer o destino e saber que o Panamá é um país seguro, rico e que tem crescido em todos os âmbitos, devo admitir que a cidade também tem um lado pobre que me deixou um pouco triste. Além disso, durante os passeios senti muito cheiros, nem sempre agradáveis. Cheiro de lixo, de esgoto, de mangue são constantes. De qualquer forma, adorei a simpatia dos taxistas, adorei admirar o skyline da cidade a qualquer hora do dia e de ver que o Brasil está mais próximo do Panamá do que imaginamos. A cidade oferece várias lojas brasileiras como Melissa, Puket, Via Uno, Dudalina, Carmen Steffens e DellAno. Além disso, a novela Os Dez Mandamentos e os comerciais da Xuxa para Cicatricure são super populares.
E assim terminou mais uma aventura. Espero que tenham gostado e que venham as próximas…
Hasta luego!