O post de hoje é sobre mais uma viagem inusitada que fiz nesta nova jornada pela Europa. Fui ao noroeste da Inglaterra, especificamente Manchester e Buxton. Minha viagem tinha como objetivo participar do 2019 Tourism Naturally Conference, conferência organizada pela University of Derby para discutir temas relacionados ao turismo de bem-estar, com foco na experiência, saúde, sustentabilidade e áreas protegidas.
Fui a Manchester em um voo com saída em Amsterdã pela KLM e não tenho muito o que dizer; tirando o atraso por conta das condições meteorológicas da Holanda e o fato de que os voos no Aeroporto de Schiphol saem sempre atrasados, foi tudo tranquilo e muito rápido, pouco mais uma hora. Chegando ao aeroporto inglês peguei um trem em direção ao centro da cidade (£ 4) e em pouco menos de 20 minutos estava em Manchester Picadillly, a principal estação de trens.
E aí vai minha dica de amiga: Lembrem que em todo Reino Unido, região composta pela Inglaterra, País de Gales, Escócia e Irlanda do Norte, a moeda é a Libra Esterlina. Portanto, troquem o dinheiro o quanto antes, pois nenhum estabelecimento aceitará Euros ou Dólares.
Contarei a viagem pelas cidades, pois assim fica mais fácil entender cada um dos destinos e os atrativos que visitei.
Manchester
É a segunda maior cidade do Reino Unido e a terceira mais visitada. É uma cidade industrial com papel marcante na história mundial por ser o berço da Revolução Industrial, no qual foi utilizada pela primeira vez a máquina a vapor no setor têxtil em 1789 e onde surgiu a primeira ferrovia do mundo, ligando Manchester a Liverpool em 1830. Também é onde foi criado o primeiro computador, construído na Universidade Victoria em 1948, carinhosamente chamado de Baby. Foi a casa de vários pesquisadores importantes como Alan Turing, famoso por quebrar os códigos alemães durante a Segunda Guerra Mundial, pai da computação moderna e pioneiro nos trabalhos relacionados à inteligência artificial. Por essa história repleta de esforço, pessoas geniais, trabalhadores, focadas, o símbolo da cidade é a abelha. Como se cada morador fosse uma abelhinha nesta grande colmeia que é Manchester.
A cidade oferece uma variedade de meios de hospedagem convenientes, mas escolhi o Ibis Styles Manchester Portland Hotel, um empreendimento temático muito bem localizado com atmosfera amigável e lúdica, remetendo ao tema “condições climáticas”. Simples, divertido, prático e limpinho.
Free Manchester Walking Tours – Meu primeiro passeio como sempre, foi um Free Walking Tour. O tour compreende em 3 horas de percurso no qual conhecemos: Sackville Gardens; The University of Manchester; Canal Street, onde vimos uma eclusa em funcionamento, e a região underground; Manchester Town Hall; Central Library, cópia do Pantheon de Roma; Midland Hotel e Royal Exchange Theatre. Durante o tour, nossa maravilhosa guia Farah também explicou sobre as histórias de Manchester, dando destaque às diferentes etapas da cidade; experimentamos o Vimto, uma bebida local, e terminamos o trajeto na região comercial, muito próximo de onde houve um atentado a bomba idealizado pelo grupo paramilitar irlandês IRA na década de 1980 que, ao invés de acabar com a cidade, deu mais ânimo para que ela continuasse crescendo. Foi um passeio muito legal e recomendo a empresa e a guia. Caso tenham interesse, o tour sai todos os dias às 11h da Alan Turing Memorial na Sackville Gardens. Segue algumas fotos tiradas durante o percurso. A primeira delas é da Prefeitura de Manchester.
Science + Industry Museum – É dedicado às ideias que mudaram o mundo a partir da Revolução Industrial. Está localizado no edifício que sediou a mais antiga estação ferroviária de passageiros existente. Exibe maquinários históricos e conta a evolução da cidade por eles. É interessante pela sua importância histórica e é um espaço criativo e interativo para as crianças, mas não acho que seja fundamental. O melhor de tudo é que oferece entrada gratuita.
The John Rylands Library – É um edifício neogótico do período vitoriano aberto ao público em 1900. Hoje faz parte da Biblioteca da Universidade de Manchester e é uma linda biblioteca que se assemelha a uma igreja. Outro atrativo com entrada gratuita que vale a pena dar uma olhada.
Chetham’s Library – É a mais antiga biblioteca pública do Reino Unido aberta há mais de 350 anos. O lugar é fenomenal; possui mais de 100.000 volumes de livros impressos, dos quais 60.000 foram publicados antes de 1851. O livro mais antigo é do século XII e foi escrito a mão, pois ainda não existia imprensa ou editoras e o local possui, ainda, o dicionário mais antigo do mundo da língua inglesa. Foi um espaço de estudos de Karl Marx e Friedrich Engels quando passaram pela cidade para conhecer as condições laborais das fábricas inglesas. A biblioteca está aberta ao público e as ótimas visitas guiadas são realizadas gratuitamente a cada hora. Acho que é um programa indispensável, pois é a história viva.
Catedral de Manchester – Construída no século XV, tornou-se catedral somente no século XIX. Apresenta diferentes estilos arquitetônicos, principalmente o Gótico, devido a uma reforma ocorrida no período vitoriano. Durante a Segunda Guerra Mundial foi gravemente danificada por uma bomba alemã e levou quase 20 anos para concluir os reparos. Uma linda catedral nos moldes das igrejas inglesas, muito próxima do centro comercial da cidade e outra visita gratuita.
Para os amantes de futebol, outro atrativo imperdível é o National Football Museum. Originalmente inaugurado em 2001 na cidade de Preston, o Museu foi posteriormente tranferido para Manchester e oferece uma coleção com mais de 140.000 botas, bolas, programas, pinturas, cartões postais e cerâmica (incluindo a coleção da FIFA). Não o visitei por pura pão-durice, mas caso tenham interesse, o ingresso custa £ 10.
Destaco também a oferta gastronômica de Manchester. Não vou indicar nenhum lugar específico, mas há muitas opções bacanas, inclusive que oferecem o tradicional chá da tarde inglês e fiquei triste por não explorar este aspecto da cidade como gostaria.
Mesmo que eu esteja mostrando lindas fotos e muitos atrativos interessantes, não acho a cidade um must see. Ela é confusa, suja, mal planejada, com muitos pedintes e desabrigados. Os edifícios de diferentes estilos e de distintos períodos históricos não se mesclam de forma harmônica. O comércio está muito aquém do que poderia ser para uma cidade de tal importância e tamanho. Enfim, fiquei feliz de tê-la conhecido, pois cada viagem é especial e é mais uma oportunidade de adquirir conhecimento e experiência, mas devo admitir que Manchester não conquistou meu coração.
No final da minha jornada, peguei um trem na Manchester Picadilly para Buxton (£ 10,90). O trem, apesar de caro e barulhento, é prático e, em menos de uma hora, estava em um cenário completamente diferente.
Buxton
Denominada pelos romanos como Aquae Arnemetiae, ou Água da Deusa do Bosque Sagrado, esta pequena cidade com pouco mais de 20 mil habitantes se transformou em um produto turístico quando o 5º Duque de Devonshire criou no século XVIII um destino termal completamente estruturado com edifícios vitorianos e georgianos para rivalizar com Bath, um destino de spa muito famoso na Inglaterra. A cidade possui águas termais com uma temperatura constante de 28ºC munida de vários benefícios para a saúde, principalmente para o reumatismo. Entre seus principais atrativos estão a impressionante Devonshire Dome, antigo estábulo de cavalos, posteriormente hospital real e hoje parte da estrutura da Universidade de Derby, onde ocorreu o evento. Segue uma foto abaixo.
Destaca-se, também, a requintada Opera House, que recebe festivais, peças de teatro e de música e shows de comédia durante todo o ano.
E o Old Hall Hotel, o hotel mais antigo da Inglaterra ainda em funcionamento e onde a Rainha Mary da Escócia foi mantida em cativeiro no século XVI durante uma caminhada em direção à Caverna de Poole.
Outro lindo atrativo são os Jardins do Pavilhão, muito bem cuidados e com lojinhas turísticas. O próprio Pavilhão abriga stands de produtores locais que vendem um pouco de tudo.
O meu despontamento em Manchester foi completamente esquecido quando cheguei a Buxton. É uma cidade muito charmosa, bem cuidada, com casas construídas em pedras e muito verde. É pequena, rústica, mas é o que nos vem a mente quando pensamos no interior da Inglaterra. No entanto, a cereja do bolo foi um jantar oferecido pelo Evento no Chatsworth House, palácio localizado a aproximadamente 30 minutos de Buxton que serve como moradia dos Duques de Devonshire há gerações. Os jardins de Chatsworth são um dos mais famosos da Inglaterra; é o segundo atrativo mais popular no Reino Unido pelos turistas chineses e tudo isso se deve ao fato da propriedade ter sido cenário do filme “Orgulho e Preconceito”, blockbuster com Keira Knightley baseado na obra da autora inglesa Jane Austen. Uma surpresa encantadora!
Durante meus dias em Buxton fiquei hospedada no Best Western Lee Wood Hotel, um hotel em estilo campestre inglês que funciona com este propósito desde sua inauguração. Admito que não é bem meu estilo de hospedagem, pois é muito datado, mas o Hotel era extremamente limpo e aconchegante. Ressalto que todos os meios de hospedagem de Buxton seguem a mesma vibe. Deem uma olhada na fachada do edifício central do empreendimento.
No final da minha jornada em Buxton, peguei um ônibus express na Market Square para o Aeroporto de Manchester (£ 4,20). Apesar de ter parado em vários lugares foi uma forma conveniente e barata de chegar ao destino final. O percurso levou pouco menos de 1h40.
E assim termino mais um post. Espero que tenham viajado comigo nestes dois destinos ingleses e entendido um pouco mais da história e do espírito local. Se por um lado Manchester não chamou minha atenção, Buxton me conquistou e já estou programando minha volta. Ahhh! E para os curiosos, a água de Buxton é realmente boa! Minha pele e meu cabelo estavam radiantes durante toda a viagem e poderão ver isso no meu vídeo do Youtube no qual conto com detalhes todos os atrativos que visitei.
Finalizo meu post com esta foto mais inglesa impossível e see you later!